Os italianos, a
imigração, ... a nossa história
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Em janeiro de 2000 demos início, na web, a um projeto. Registrar a HISTÓRIA DA FAMÍLIA CAVALLARO.
No ano anterior tinhamos iniciado a coleta de documentos para entrar com processo de reconhecimento a
dupla cidadania (doppia cittadinanza) para tornar os descendentes de meu avô, italiano, Anselmo Cavallaro em ítalo-brasileiros.
A partir da coleta de dados por consultas aos pais, avós e parentes vislumbramos a necessidade de manter o registro da família, pois verificamos que muitas informações estavam se perdendo. A cada viagem saíamos, eu e minha esposa, em busca de documentos,
fomos coletando fotos antigas e relatos da família. Pela necessidade dos documento que seriam necessários ao processo de dupla-cidadania íamos fazendo pesquisas mais abrangentes em arquivos e cartórios e reconstruindo a história da Família Cavallaro
e construindo uma Árvore Genealógica. Em consequência a árvore foi se ramificando e fomos agregando todas as famílias relacionadas (ver banner no final).
Pesquisando no Memorial do Imigrante de São Paulo pelo nome do me avô, Anselmo Cavallaro, descobrimos a chegada da família em 1905. Solicitamos ao cartório de Rovigo (RO), na Itália sua Certidão de Nascimento.
Documento primário necessário para compor o processo de dupla-cidadania,
exigido pelo Consulado Italiano em São Paulo, responsável pelos
requerimentos efetuados na nossa jurisdição residencial. Após 1 ano
recebemos via 'Correios' a Certidão de Nascimento (Atto di Nascità)
do meu avô Anselmo. Primeira descoberta: quando recebemos a Certidão de
Anselmo Cavallaro sempre conhecido no Brasil por este nome, conforme o registro italiano, na verdade o nome correto é
ANSELMO
ARMANDO CAVALLARO. Neste meio tempo fomos solicitando outras
certidões necessárias, dos nossos país, as nossas, dos filhos,
nascimento, casamento e óbito. E assim fomos reconstruindo a
história com esses documentos.
Em pesquisas posteriores descobrimos - o que eu considero uma das maiores façanhas da família: fizeram 3 viagens de imigração. Porque ? Este ainda é um mistério a ser descoberto.
Sabe-se que as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes era tremenda. Muitos saíram da terra pátria para fugir da miséria, enfrentaram as más condições dos navios, e mesmo assim nossos antepassados voltaram a Itália por duas vezes.
Talvez tenham conseguido recursos e voltaram para junto dos seus ou talvez tenham voltado para buscar outros familiares e outros imigrantes para juntar-se a eles no Brasil. Esperamos um dia obter essa resposta.
Reunimos vasta documentação e depoimentos, mas sempre achamos algo a acrescentar. Do Memorial do Imigrante temos 3 certificados da chegada dos imigrantes,
de 3 viagens, em intervalos entre 5 e 6 anos: 1894, 1899 e 1905, abaixo relatadas.
Da última viagem em 1905 adquirimos também, junto ao Memorial do Imigrante de São Paulo, a Certidão de Desembarque que é um documento mais completo, pois consta a informação do navio que os trouxeram. Isto propiciou que obtivéssemos junto ao Arquivo Nacional no Rio de
Janeiro da cópia do microfilme da 'Relação de Passageiros' do vapor "R. Amazonas" (Rio Amazonas), onde consta em manuscrito o nome dos passageiros entre os quais os nossos antepassados. A cada descoberta vamos ficando fascinados com a nossa história.
Com um primo nosso, da linhagem de Giovanni, irmão de Anselmo, o José Lucio Silvestre, conseguimos cópia da Certidão de Nascimento italiana de Giovanni Baptista Cavallaro,
irmão mais velho de Anselmo e que participou das 3 viagens. Recebemos também cópia do processo de
dupla cidadania que ele já possui. Todos esses documentos vão sendo cruzados e corroboram os dados apresentados dando veracidade e consistência ao nosso trabalho
de registrar na web a história da família.
Assim em 2003, reunida a documentação necessária demos entrada ao processo de dupla cidadania, junto ao Consulado Italiano de São Paulo. O andamento dos processos são demorados por causa da
enorme quantidade de pedidos de descendentes de italianos no Brasil querendo o mesmo reconhecimento.
Ficamos aguardando sermos chamados para entrevista e entrega de documentação
até 2008, quando entregamos toda documentação exigida e depois de 3
anos, em 2011 fomos agraciados com o reconhecimento da cidadania
italiana "jus sanguinis" nos tornando ítalo-brasileiros. Com isso resgatamos mais um direito aos nossos familiares,
pois com o nosso processo concluído, torna-se mais fácil e rápido a
análise de outras solicitações dos descendentes de Anselmo. O reconhecimento ao nosso pedido
facilita todos os descendentes (filhos, netos, bisnetos, ...) de Anselmo Armando Cavallaro
desde que citem nos seus requerimentos que já existe um processo
aprovado e juntem a sua documentação.
Em 2008 fomos chamados para apresentação dos documentos e em 31/03/2014, quase 11 anos depois, fomos agraciados com o reconhecimento da cidadania italiana.
Os registros civis na Itália são responsabilidade
dos órgãos governamentais e o Cartório (Ufficio) é um
departamento existente na Prefeitura (Questura). As autoridades
civis começaram a registrar os nascimentos. casamentos e óbitos em 1809,
no sul da Itália. Na Sicília em 1820. No centro e norte da Itália em
1866, no Veneto em 1871. Os registros civis são indexados e acessíveis e
importante fonte para pesquisa genealógica na Itália. O Anagrafe reune
esses dados e todos os cidadãos tem a responsabilidade de informar sua
mudança de jurisdição inclusive para outros países. Assim para o
reconhecimento da cidadania italiano é necessário 'fazer o caminho
inverso' para identificar que o nosso antepassado (antenato) era
italiano e mudou-se para o Brasil.
Para registros anteriores antes de 1809, 1820, 1866, 1871 das regiões
acima é necessário a pesquisa nas igrejas (parrocchia).
Para expandir e documentar nossa pesquisa sobre a família solicitamos
também ao cartório da Itália as certidões de nascimento de Angelo Cavallaro, pai de Anselmo
e sua esposa Maria Chiara Spagna. Como somente a partir de 1871, no Veneto, se iniciou o registro civil, recebemos a sua Certidão de Casamento.
Nela constavam as datas de nascimento e indicação das paróquias responsáveis para emissão da Certidão de Batismo.
Obs.: Estes documentos não eram necessários para o processo de
dupla-cidadania, pois sendo o Anselmo italiano nosso processo parte
dele.
O registro de nossa história começa aqui
ANGELO CAVALLARO nasceu em 17/04/1870 em Common, distrito de Rovigo e foi batizado no mesmo dia no distrito de Mardimago,
pertencente a cidade de Rovigo - RO. Seu padrinho foi Pietro Pichelli.
MARIA CHIARA SPAGNA (Querina Espanha) nasceu em
24/05/1871 e foi batizada na cidade de Villadose - RO, cidade vizinha a
Rovigo.
Fonte: Extrait de
L´acte de Mariage di Angelo Cavallaro e Maria Chiara Spagna, nº 19,
Parte I, Anno 1891, emitido pelo Ufficio Stato Civile, Comune Di Rovigo.
(Acervo: Ercilio)
Continuando nossa pesquisa, em
agosto de 2005, em Umuarama (PR),
visitamos e entrevistamos o tio-avô VICTORIO CAVALLARO, então último filho vivo de Angelo Cavallaro, com 92 anos e perfeitamente lúcido, obtivemos que:
- Luigi Cavallaro, pai de Angelo seria filho único
(ver OBS.); que havia falecido np Brasil, com quase 100 anos, faltavam-lhe apenas 2 semanas.
Ele queria voltar para a Itália e ser sepultado lá.
OBS.: Em outubro 2023 descobrimos um irmão de
Luigi, de nome Giovanni Battista Cavallaro.
Abaixo fotos que fotografamos e escaneamos durante a visita.
![Angelo Cavallaro, em foto, é o mais antigo ancestral da família Cavallaro](https://www.cavallaro.com.br/genealogia/imagem/angelo_cavallaro-01.jpg) |
Angelo Cavallaro
Foto/Acervo: Victorio
Cavallaro- (2005)
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Me lembro, quando criança, de ter visto muitos quadros de fotos pendurados nas paredes de madeira das casas de meus avós. Hoje pouco se usa, mas para minha alegria, o tio-avô Victório tinha uma de seu pai (meu bisavô), Angelo Cavallaro,
a qual agora imortalizo na web. Moldura retocada de tinta azul, perdeu um pouco da originalidade, mas a figura é a única do nosso mais antigo ancestral.
Por uma foto antiga Vitório identificou Palmira, uma das filhas de
Francesco Luigi. Ela também veio da Itália para o Brasil, mas não acompanhou a família. Veio com seu marido (ver
OBS.).
Ele teria falecido em Botucatu (SP). Palmira, viúva, casou-se então com Luiz Bigatti (foto). Não teve filhos com nenhum dos 2 maridos.
OBS.: Em outubro de 2003
descobrimos o nome do 1º marido de Palmira. (ver) Antonio Cecere, casaram-se na Itália e tiveram um filho: Luigi Cecere
![](https://www.cavallaro.com.br/genealogia/imagem/palmira_luiz_bigatti.jpg) |
Palmira Cavallaro e 2º marido Luiz Bigatti
Foto/Acervo: Victorio
Cavallaro- (2005)
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Outra foto identificou o filho de Angelo, Giovanni com a esposa Luiza e o filho José. Giovanni foi o único filho que acompanhou o pai nas 3 viagens.
![](https://www.cavallaro.com.br/genealogia/imagem/giovanni_luiza_jose.jpg) |
Giovanni Batista Cavallaro, Luiza e o filho José
(Acervo: Victorio
Cavallaro)
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Eoi a última
vez que vimos o tio-avô Victório. Infelizmente VICTÓRIO veio a falecer em 01/03/2007, aos 94 anos, em Umuarama (PR). Além da perda do parente tivemos a perda da memória "viva" que era para a família.
![](https://www.cavallaro.com.br/genealogia/imagem/vitorio_ercilio.jpg) |
Victorio e Ercílio em agosto de 2005
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Nossa viagem a ROVIGO - ITÁLIA
Sempre tivemos vontade de viajar,
quem não tem? Nesse contexto familiar nasce um sonho: conhecer a terra dos nossos antepassados. Isso foi sendo alimentado ao longo dos anos e em outubro de 2005,
exatamente 100 anos após a vinda de meu avô ao Brasil, tivemos a felicidade de visitar a cidade de Rovigo, província de Rovigo, na Itália.
Buso-Sarzano, existem agora como distritos de Rovigo. Fomos até o
distrito de Mardimago, também de Rovigo, onde fomos gentilmente
recepcionados pelo pároco Dom Massimo Barison que permitiu que
folheassemos os livros de batismo e casamento da época e conseguimos
ampliar em mais uma geração a nossa história. Foi emocionante.
Descobrimos os pais de LUIGI CAVALLARO, Chamavam-se GIUSEPPE CAVALLARO e ANGELA STURARO.
Descobrimos, também, que o seu nome completo era FRANCESCO LUIGI CAVALLARO. Como na época não havia Cartório o registro válido é o de batismo.
Descobrimos que
a esposa de LUIGI chamava-se ANGELA REGINA POLI. Na Certidão de Desembarque
de 1894 consta apenas como "Regina".
Fonte: Certificato de Battesimo emitido em 14.10.2005, pela Parrocchia di San Floriano, de Mardimago - Rovigo - RO, Diocesi de Adria-Rovigo, Registro nº. 19, pág. 87, do vol. 1870,
assinado pelo parroco Dom Massimo Barison. Acervo: Ercilio
Ratificamos a informação de Victorio, meses antes,
sobre a filha de Luigi e Angela Regina, a PALMIRA CAVALLARO. Vendo os livros de
registro da paróquia constatamos que nasceu em 08/10/1863, em Mardimago,
Rovigo. Também veio para o Brasil, mas não veio com os grupos abaixo descritos, devendo ter acompanhado o marido.
E descobrimos
também que Luigi e Angela Regina tiveram outra filha chamada SANTA CAVALLARO e
que nasceu em 08/09/1866, também batizada em Mardimago, Rovigo. Não se tem notícias que teria vindo para o Brasil.
Aqui queremos deixar
um agradecimento especial a Dom Massimo Barison, o pároco de Mardimago
que nos recebeu, deu-nos uma atenção especial, permitiu que
manuseássemos os livros de registros e permitiu que tirássemos fotos dos
registros que são manuscritos. Mais uma emoção de nossa viagem.
Este é um prólogo para as páginas que compusemos e onde a história da família continua.
Agradecemos a colaboração de todos que enviam ou disponibilizam os dados que compõem as páginas e
assim vamos reconstruindo as informações tentando dar os devidos créditos junto a cada texto ou no final das páginas.
Ercílio Ramos Cavallaro (descendente e pesquisador)
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